Monday, June 23, 2008

Sábado de exposições

Este Sábado decidimos ir ao FOAM, ver duas das exposições que lá se encontravam. 
Uma é de uma fotografa holandesa, Gina Kranendonk, cujo o projecto era fotografar as "quintas" que se encontram nos terrenos adjacentes à vias ferroviárias da Holanda. Até à sua privatização, era permitido aos trabalhadores utilizarem esses terrenos para cultivo como beneficio social e como forma de ajudar o seu orçamento familiar mensal. 
As fotografias não valiam de todo pela sua estética. O seu interesse, reside no seu valor documental. A função de dar a conhecer uma realidade que tende a desaparecer. Apesar de ter gostado da exposição, (de a ter visto pois apercebi-me de  uma realidade da qual eu não fazia ideia), não gostei da forma como estava feita/exposta. Acho que a exposição não funcionava bem. As fotos eram imensas e  por isso estavam expostas em pequenas molduras electrónicas (que de x em x tempo mudam de foto). As fotos estavam colocadas duas a duas, o que as tornava ainda mais pequenas. Resumindo, do tempo em que lá estive aquelas duas salas funcionaram como local de passagem nada mais, poucos, muito poucos foram os visitantes que tentaram visualizar as fotos. 

Gina Kranendonk, Leusden 2007
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Agora no andar de cima, estava uma exposição fabulosa do fotografo Málic Sidibé. Um fotografo do Mali.  As fotos expostas referem-se (na sua maioria) ao período dos anos 60 e 70. é um fotografo de bairro, que faz cobertura de eventos sociais, mas a maior parte do seu espolio são retratos feitos no seu estúdio.  Quando vemos retratos feitos pelos fotografos de bairro, muitas vezes depara-mo-nos com  as mesmas posições 1001 vez repetidas, com pessoas numa posição estática, com fundos ridículos atrás. 
Em Portugal, alguns fotógrafos continuam a seguira mesma receita. Agora este jovem perdido no Mali nos anos 60, tentava uma outra receita. As posições não eram convencionais, não eram rígidas. As pessoas tenham vida e mostravam. Os fundos (não só atrás das pessoas mas também o chão) eram por vezes utilizados de forma estética, por vezes criando jogos de ilusão de óptica interessantes. Na sua cobertura de eventos encontra-se os casamentos  e baptizados, e as inúmeras festas nocturnas que aconteciam naquela sociedade naqueles anos.
Durante toda a exposição está bem patente, o pesadelo que pode representar para um fotografo: fotografar alguém de pele escura, vestido de branco!! Não é pêra doce!


Malick Sidibé, "The chequered woman", Agosto 1971

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