Tuesday, June 17, 2008

Exposição

No domingo, fomos a uma exposição - Deep Screen, Art in the Digital culture - no Stedelijk Museum em Amsterdão.
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Como sempre foi bastante interessante. Os meios utilizados são bastante diferentes do que os utilizados há umas décadas atrás. É a arte a acompanhar e a utilizar as novas tecnologias que vão surgindo.

Cada vez mais a arte atribui ao publico um papel mais activo, não de mero espectador. O espectador é chamado a participar e a obra de arte só existe se houver essa intervenção. A exposição que fomos ver tem inúmeros exemplos disso.

À entrada entregaram-nos uns autocolantes, com umas regras a seguir.

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Faz parte de uma obra. Uma obra que se encontra ainda a desenvolver e apenas será finalizada quando o exposição acabar. Cada espectador deve colar os seus autocolantes (seguindo as regras) junto dos que já lá se encontram. De certo que no final da exposição, o aspecto será completamente diferente ao que vi. A obra chama -se "Blue fungus" e é de Luna Mourer. A mim talvez pela minha formação de enfermagem, associei logo a conceitos de propagação de doença. Talvez outros nem se quer tenham pensado nisso. Mas ambos podemos ter razão, porque a arte contemporânea é muitas vezes democrática e deixa-nos a liberdade de pensarmos o que quisermos sobre o que experienciamos.

Algo que eu também achei interessante é que os autocolantes deveriam ser colados no chão. O chão é muitas vezes um espaço negligenciado, num museu ( e não só!). Mas quando nos pedem para "intervir" nesse espaço, passamos a ter consciência deste e descobre-se um espaço enorme à nossa frente a ser explorado.

Julgo que algumas pessoas quando vão a exposições de arte contemporânea ficam um pouco com medo de interagir, ou porque acham que não devem, (pois antigamente as obras eram para ser vistas apenas e não tocadas), ou porque por vezes os objectos tem aspectos estranhos e é uma reacção normal sentir-se medo do desconhecido. Por exemplo, uma das peças apresentadas para a pessoa perceber o seu propósito a pessoa tinha de se sentar em cima dela. O que o autor fez foi pegar na leitura que os sismógrafos fizeram, durante o embate dos aviões contra as torres gémeas e a sua posterior queda, e transformá-la em vibração. Quando a pessoa se sentava nessa estrutura era o que sentia, essa vibração. A descrição está lá feita mas se não nos sentarmos, não percebemos a obra na sua totalidade. O casal de velhote que olhou para nós desconfiados, não ficou a perceber, pois apesar de insistir com eles para que o fizessem, não se sentaram!!! MEDO do estranho?

O museu é uma estrutura dinâmica. Se formos diversas vezes a um mesmo museu, reparamos que está sempre em mutação ( pelo menos nas exposições temporárias). São construídas paredes, derrubadas paredes, pintam-se as paredes de cor diferente, criam-se salas mais pequenas, abrem-se portas, criam-se recantos, põe-se alcatifas, colocam-se bancos... etc. A experiência fica mais enriquecida com a tomada de consciência dessas mudanças.

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