Friday, October 17, 2008

respirar novamente

Ontem fiz o meu teste de Holandês, que não correu mal. O curso acabou e por decisão minha tão cedo, não vou voltar a fazer outro. O cansaço/ prejuízo supera os benefícios do melhoramento da língua.

O que tenho andado a fazer?

Basicamente trabalhar, estudar e dormir (muito pouco)!
No inicio quando comecei a trabalhar, fiquei toda contente. A sensação era de objectivo alcançado e essa sensação é muito boa.
No principio, estava concentrada em perceber as pessoas e aprender rotinas. Agora na segunda fase em que quero começar a intervir, comecei a ter alguns desaires. A sensação que às vezes tenho, é a de que como não sei falar bem holandês, as pessoas confundem isso como não sabendo nada de enfermagem. Alto lá! Posso não ser um supra-sumo, mas tenho um conjunto de conhecimentos sólidos.
Já fui gozada porque perguntei se tínhamos Soro fisiológico? A resposta foi que havia na torneira na cozinha!!!! E não, não foi um problema de linguagem porque eu escrevi NaCl 0,9%. Resumindo a colega não faz a mais pálida ideia do que soro fisiológico seja mas a gozada fui eu! Grrrrr!
Tenho visto grandes burburinhos porque a farmácia envia Panadol em vez de paracetamol!?!? Não me adiantou dizer que era a mesma coisa...
Entre outras coisas, pequenas mas que vão moendo....
Durante toda a minha experiência profissional, houve problemas entre os trabalhadores e a instituição por causa das fardas, em especial por causa do conforto das mesmas.
Aqui a farda consiste numa camisa de ganga, que não tem todos os bolsos necessários. Mas mesmo essa camisa pode não ser usada, podendo o trabalhador andar coma roupa da rua. À partida parece ser o que sempre ouvi como pedido dos trabalhadores. Mas coloco algumas objecções, talvez depois de 12 anos de lavagem cerebral por causa da farda, faz-me muita confusão ver enfermeiros/cuidadores a cuidar de pessoas de chapéu, de cachecol cheio de franjas, de botas cor de rosa peludas, de mini-saias a ver-se o rabiosque, e para mim o mais escandaloso de phones nos ouvidos. É claro que sabe bem ouvir bem trabalhar com musica, mas é uma total falta de respeito, pelo menos no meu ponto de vista.

Gosto do trabalho onde estou?

Sim gosto do que faço. Gosto das que pessoas de quem cuido. E elas parecem gostar de mim. Agradecem-me muitas vezes, e dizem "estou tão contente que vá cuidar de mim hoje!"
Não gosto do método de trabalho. Não gosto da forma como a informação rapidamente se perde. Os registos muitas vezes não são feitos. As queixas das pessoas muitas vezes não são valorizadas, umas vezes porque são cuidadas por pessoas que não sabem que têm de valorizar tais queixas, outras vezes por pessoas que não querem valorizar tais queixas.
Não gosto que as pessoas se queixam que eu trabalho demasiado. Que raio de queixa é esta? Andam atrás de mim a "ralhar-me" porque eu trabalho de mais?

Isto é um resumo do que se tem passado no trabalho. Agora que o curso de Holandês acabou, espero voltar a ter tempo para fazer as coisas que eu realmente gosto!

1 comment:

Angelo said...

Compreendo-te perfeitamente! Os problemas de comunicação, as formas de trabalho diferentes etc etc etc... É sempre complicado.
Mas também já aprendi que, com o tempo, aprende-se mais e mais e ultrapassam-se os problemas! E depois sabe muito, muito bem!

BEIJOS!