Wednesday, November 5, 2008

Existência

Os últimos 3 dias têm sido cinzentos. Acho sempre difícil acordar cheia de energia, quando ao olhar lá para fora está tudo cinzento, feio, sem brilho.
Os dias têm em si algo de mórbido. Sensação que se adapta muito bem ao que me anda a preocupar e a ocupar a mente ultimamente. Tenho reflectido sobre morte, eutanásia, obstinação terapêutica, qualidade de vida, sofrimento, dor. Sinto-me muito confusa e até angustiada. Estou confusa sobre a minha postura profissional relativamente a estas situações. Estou confusa na definição do limiar entre o fazer bem e o fazer mal. Sobre quando o fazer bem, começa a ser fazer mal!
Sinto-me confusa por estas questões éticas parecerem só ser colocadas por mim, enquanto à minha volta a frequência da sua ocorrência já as tornou banais.
Frases como "Estou tão contente por ela ter ficado doente!", magoam-me, eu nunca fico contente por alguém estar doente. Ver um profissional de saúde explicar a uma neta que a sua avó vai morrer, a rir-se e a fazer piadas, revolta-me e magoa-me. A rapidez com que as decisões são tomadas, num piscar de olhos deixa-me abalada, "sem chão".
Sinto-me confusa por isto tudo e por não ter ninguém aqui com quem conversar sobre isto. As pessoas que tenho à minha volta não têm conhecimentos suficientes para avaliar e analisar a situação.
Tenho passado algum tempo a pesquisar na internet, sobre práticas de eutanásia. Todos os sites referem a Holanda como o país em que é prática é legal e banal. Isso como profissional de saúde deixa-me desconfortável, angustiada, como pessoa deixa-me revoltada e profundamente triste, cinzenta como o tempo. :(

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