Friday, August 22, 2008

Away from her

Este foi o filme que ontem fomos ver. Já "passou" aqui há alguns meses mas na altura ( não me recordo muito bem porquê) não fomos ver. Ontem assim que me apercebi que ia "passar" novamente aqui em Haarlem, decidi que o íamos ver. A história do filme gira em torno de uma relação de 44 anos, em que um dos elementos começa a mostrar os sinais de Alzheimer.
Existem alguns filmes que focam historias de famílias que tem de lidar com elementos de família doentes. Não são filmes que eu habitualmente escolha mas havia alguma coisa neste que me chamou atenção.
O facto de estar a trabalhar( voluntário) num lar, tornou o retrato mais real, de alguma forma mais doloroso, mais "pesado".
Não sei até que ponto as pessoas que não estão ligadas à área da saúde, tem noção do ambiente de um lar ou casa de saúde.O risinho nervoso que se ouviu durante o filme, faz-me pensar que não tem grande conhecimento, e com esse riso tentam minimizar o peso dessa realidade, tentam talvez afasta-la. Os lares podem tanto ser locais muito deprimentes, como também onde podem acontecer coisas muito positivas. Como sempre quem faz a diferença são as pessoas.
O filme foca também o problema da institucionalização, o afastamento dos que lhes são queridos, a despersonalização , a invasão da privacidade.
Durante o filme existe uma simples frase/pergunta, algo como: quem é que escolhe as músicas?. Na cena vê-se a enfermeira toda contente a cantar e os doentes impávidos e serenos.
A música é para agradar a enfermeira ou estimular os "doentes"?
Esta cena fez-me lembrar uma colega. Trabalhava num serviço para pessoas com doenças do foro psiquiátrico. Admiro-a por tentar fazer actividades para estimular as pessoas, sem duvida alguma. Mas também me lembro de ter planeado uma tarde de canto, em que nas musicas que escolheu se encontrava "atirei o pau ao gato". Será esta musica adequada para adultos de 40 anos? Será que a infantilização estimula?
Durante uma tarde de cinema quem deve escolher os filmes? Os cuidadores ou as pessoas a quem se dirige a acção?
Eu acho que são questões simples que se deve colocar. Não são fáceis de gerir, porque as decisões serão mais difíceis de tomar, será mais difícil alcançar um consenso geral de forma ordeira. Contudo as pessoas que se pretende estimular terão um papel mais activo!
No filme há também outra cena em que se vê uma enfermeira a ler um livro para um doente, quem escolheu o livro? A ideia não é de todo disparatada, mas se não sabemos os gostos das pessoas e se estes não nos podem dizer, poderemos acabar por ler um romance romântico a quem prefere policiais. A família aqui tem sem duvida um papel fundamental. Estarão numa posição privilegiada para conhecer os gostos das pessoas. Contudo também sei que nem sempre os familiares são quem nos conhece melhor. Mas de certeza que estarão em melhor posição do que um profissional de saúde, que nunca nos viu.
Estas são algumas das reflexões que fiz após o filme. O filme também suscita reflexões sobre relações humanas, sentimentos de amor, perda, sofrimento e a felicidade dos outros.
Se gostei do filme? Não sei responder porque a sensação que tenho é que foi útil e produtivo.
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